Cheia de rios no Acre deixa 19 das 22 cidades do estado em emergência
Cidades do Acre recebem mantimentos dos governos estadual e federal, e inundações atingem também Amazonas e Bolívia; ministros visitam estado e anunciam R$ 24 milhões em ajuda. O Acre está debaixo d’água. Desde o dia 21 de fevereiro, quando fortes atingiram o estado, os rios Purus, Acre, Juruá, Tarauacá e Envira, além de diversos igarapés, estão em cheias históricas. Na capital Rio Branco, o rio Acre atingiu a marca de 17,84 metros acima do leito nesta terça (05), a segunda maior marca já registrada. 19 dos 22 municípios acreanos estão em situação de emergência, com exceção apenas de Acrelândia, Bujari e Senador Guiomard.
Acre: O município de Brasiléia, na fronteira com a Bolívia, atingiu a marca de 16,56 metros acima do leito do rio. Crédito: Claudia Morales/Reuters/Folhapress
Segundo boletim informativo de hoje do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), o Acre é atualmente o estado com maior risco hidrológico no país, com cerca de metade do estado (incluindo a capital Rio Branco) em risco “muito alto”, e outra metade em risco “alto”, com previsão de pancadas de chuva. A propagação das cheias gera ainda risco “médio” em grande parte do Amazonas.
De acordo com a última atualização do governo estadual, com dados de 14 municípios em situação considerada mais crítica, atualmente 10.247 pessoas estão desabrigadas, e outras 17.672 estão desalojadas devido às cheias. 100 abrigos foram montados nestas cidades. A cheia dos rios carregados ainda inundações em cidades do Amazonas e da Bolívia.
O município de Brasiléia, na fronteira com a Bolívia, teve 20 pontes destruídas pela força das águas, perdendo suas ligações terrestres com o resto do país – agora a cidade está ligada apenas à vizinha Cobija, do lado boliviano.
Na cidade, o rio Acre atingiu a marca de 15,56 m, a maior cheia da história. 75% da cidade foi alagada. “Infelizmente, essas mudanças climáticas não são mais específicas de longo espaço de tempo. Praticamente todo ano [uma cheia] virou realidade”, disse a prefeita Fernanda Hansemm (PP), ao UOL. A cidade anunciou planos para realocar construções para áreas mais altas, medida defendida pelo governador Gladson Cameli (PP), que pedirá ajuda federal para isso. “Vamos fazer esse apelo ao presidente Lula para que a gente consiga avançar”, prometeu.
Na terça-feira (05), o governador esteve pessoalmente na Aldeia Indígena Jatobá, em Assis Brasil, onde foram entregues medicamentos e mantimentos. O governo do estado também inveja ajuda para cidades como Porto Walter, Manoel Urbano, e a capital, Rio Branco.
O governo federal também inveja ajuda. Em ligação com o governador e com o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL), na quinta-feira passada, o então presidente em exercício, Geraldo Alckmin, prometeu ajuda humanitária e para a residência dos municípios.
Na segunda (4), os ministros Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), serviram em Rio Branco, onde se reuniram com Cameli. A comitiva também esteve em Brasiléia, onde se reuniram com representantes de outros 5 municípios da região. Segundo Góes, “cerca de R$ 24 milhões serão liberados para compra de água, comida, combustível, entre outros itens de primeira necessidade”.
Além disso, chegou na terça-feira (05) ao estado 8 kits de anti-inflamatórios, analgésicos, antibióticos, luvas e seringas enviados pelo Ministério da Saúde e distribuídos para os municípios de Rio Branco, Marechal Thaumaturgo, Epitaciolândia, Tarauacá, Xapuri, Feijó e Porto Walter. Esses se juntaram aos 5 kits enviados na última semana. Segundo o ministério, os insumos têm capacidade de atender até 3 mil pessoas durante um mês.