Tubarões fêmea em aquário da Itália têm filhotes mesmo sem contato com machos

Tubarões fêmea em aquário da Itália têm filhotes mesmo sem contato com machos

Há cerca de 14 anos longe de machos, duas fêmeas de cação-liso (Mustelus mustelus) desafiam a biologia ao conseguir gerar filhotes de forma independente, por meio de um processo conhecido como “partenogênese facultativa”. É a primeira vez que o fenômeno é registrado nesta espécie de tubarão. O caso foi descrito em um artigo científico na revista Scientific Reports.

Segundo os pesquisadores do Instituto Zooprofilático Experimental de Piemonte, na Itália, responsáveis pela descoberta, a estratégia evolutiva pode ser um mecanismo de sobrevivência. Desde 2004, esses animais aparecem na lista de risco da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e, em 2020, foram avaliados como “em perigo de extinção”.

Mantidas em cativeiro no Aquário Cala Gonone, na ilha de Sardenha, o comportamento reprodutivo assexuado foi notado originalmente em 2016, quando nasceu o primeiro filhote. De lá para cá, outros três cação-liso foram gerados, em 2020, 2021 e 2023. Todos, porém, com exceção ao exemplar nascido em 2021, faleceram. Eles apresentavam marcas de mordidas em seus corpos, o que, provavelmente, foi a causa da morte.

Cientistas fizeram exames de análise genética nos tubarões recém-nascidos. Esses exames indicaram que as proles tinham genes idênticos aos de suas mães — o que confirma a reprodução partenogenética.

O nome “partenogênese” vem do grego e significa “nascimento virginal”. Ele se refere ao processo de desenvolvimento do óvulo sem a necessidade da fecundação (isso é, o encontro com o espermatozoide).

Embora incomum em vertebrados, esse fenômeno já foi observado por biólogos em répteis, anfíbios e outros peixes – como outras espécies de tubarão, tais quais o tubarão-bambu-de-mancha-branca (Chiloscyllium plagiosum), o tubarão-zebra (Stegostoma tigrinum) e o tubarão swell (Cephaloscyllium ventriosum).

Geraldo Naves

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