A decisão final sobre a data do novo pleito cabe ao presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier. A maioria dos eleitores alemães é a favor da realização imediata de novas eleições no país, segundo uma pesquisa divulgada no dia seguinte ao colapso da coalizão tripartidária de centro-esquerda liderada pelo chanceler federal, Olaf Scholz.
O colapso da coalizão
O anúncio da exoneração de Lindner foi feito na última quarta-feira, após uma reunião entre Scholz, Lindner e o ministro da Economia, Robert Habeck, do Partido Verde, com este último admitindo o fim da tríplice coalizão que governava o país desde 2021. As três legendas vinham há meses enfrentando dificuldades para encontrar consenso em relação a propostas de reformas e aumento de gastos.
Num pronunciamento na televisão, Scholz explicou as razões da demissão e dirigiu palavras duras ao ex-ministro liberal. “Precisamos de um governo que possa agir”, disse Scholz, que acrescentou que estava farto com o comportamento intransigente que o liberal Lindner vinha apresentando contra os planos do governo que previam mais gastos. “Não posso mais esperar que o país tolere tal comportamento. Caros cidadãos, eu teria preferido poupá-los dessa decisão”, disse Scholz.
“O ministro Lindner quebrou minha confiança com muita frequência. Não há base para confiança”, afirmou o chanceler federal. “Ele só está preocupado com a sobrevivência de curto prazo de seu próprio partido. Tal egoísmo é incompreensível.”
“O dia de hoje termina com o rompimento da coalizão”, disse, por sua vez, o ministro da Economia, o verde Robert Habeck a jornalistas. “É claro que sabemos que o governo do semáforo não tinha a melhor reputação e que nós discutíamos com frequência”, admitiu, fazendo referência ao apelido da coalizão, conhecida como semáforo devido às cores dos partidos que a integram.
“Não era necessário que a noite terminasse assim. Não conseguimos fechar o orçamento. Havia soluções possíveis sobre a mesa. O FDP não estava preparado para aproveitar essas oportunidades. Nós, por outro lado, não queríamos colocar em risco a coesão social e o futuro deste país, que é, acima de tudo, a recuperação econômica do país. Como não nos unimos, o chanceler demitiu o ministro das Finanças”, completou Habeck, cujo partido não pretende deixar o governo.
Após a saída de Lindner, os outros três ministros do FDP – que comandavam as pastas da Justiça, Transporte e Digitalização, e Educação e Pesquisa – também deixaram o governo.
O início do fim
O dia decisivo para o início do fim da primeira aliança de três partidos na história da República Federal da Alemanha foi há quase um ano, em 15 de novembro de 2023, quando o Tribunal Constitucional Federal declarou inconstitucionais partes da política orçamentária do governo federal.
Tratava-se de cerca de 60 bilhões de euros que a Suprema Corte alemã proibiu de serem usados. Durante a pandemia de covid-19, o Bundestag, a câmera baixa do Parlamento, havia aprovado que o governo tomasse empréstimos extras para atenuar os efeitos econômicos da luta contra o coronavírus, mas nem todo esse dinheiro acabou sendo necessário.