Beneficiários do bolsa família aumentam; 1% mais rico da população ganha 39 vezes mais que mais pobres

Beneficiários do bolsa família aumentam; 1% mais rico da população ganha 39 vezes mais que mais pobres

Proporção de domicílios com beneficiário do Bolsa Família saltou de 16,9% em 2022 para 19% de 2022 para 2023

As famílias que estão entre o 1% mais rico do país têm uma renda domiciliar 39,2 vezes maior do que a das famílias que estão entre os 40% mais pobres do país. Isso é que revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) sobre o rendimento de todas as fontes divulgada nesta sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são referentes a 2023.

Segundo o IBGE, a desigualdade no Brasil “segue acentuada” mesmo com a ampliação de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.

De 2022 para 2023, a proporção de domicílios do país com algum beneficiário do programa federal saltou de 16,9% para 19% e atingiu um recorde da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. Em 2019, esse percentual era de 14,3%.

No Maranhão, segundo o IBGE, 40,2% dos domicílios têm um beneficiário do Bolsa Família. Já em Santa Catarina, são 4,5% dos domicílios.

De 2019 a 2023, o rendimento por pessoa dos domicílios em que pelo menos um morador recebia o Bolsa Família cresceu 42,4% (de R$ 446 para R$ 635). Já nos domicílios em que não havia beneficiário do programa, o crescimento foi de 8,6% (de R$ 2.051 para R$ 2.227).

Ainda assim, os 10% da população com maior rendimento domiciliar per capita tinha uma renda, em média, 14,4 vezes maior que o rendimento dos 40% da população com os menores rendimentos em 2023. A desigualdade, apesar de alta, é a menor da série histórica da pesquisa. O valor máximo foi observado em 2018: 17,1 vezes.

Em 2023, os 10% mais pobres ficavam com 1,1% da massa de rendimentos do país. Já os 10% da população mais ricos ficavam com 41% da massa de rendimentos.

O rendimento dos mais pobres até cresceu mais do que a média de 2022 a 2023. A renda dos 10% com menor rendimento aumentou 12,4% contra 11,5% da média geral.

A renda dos mais ricos aumentou ainda mais. A renda dos 5% com maior rendimento aumentou 38,54%.

O índice de Gini do rendimento mensal real domiciliar per capita manteve-se em 0,518, o menor da série histórica e o mesmo valor de 2022. O Gini mais alto da série (0,545) ocorreu em 2018. O indicador mede a concentração de renda e varia de zero (mínima igualdade) a um (máxima desigualdade).

Rendimentos em alta

De acordo com o IBGE, em 2023, a massa de rendimento mensal domiciliar per capita atingiu o maior valor desde 2012: R$ 398,3 bilhões. O aumento foi de 12,2% ante 2022. Na comparação entre 2023 e 2019, ainda antes da pandemia, o crescimento foi de 9,1%.

O rendimento médio mensal domiciliar per capita também chegou ao maior valor da série histórica da pesquisa: R$ 1.848, com alta de 11,5% ante 2022. Na comparação com 2019, houve crescimento de 6%. Naquele ano, o rendimento médio por pessoa era de R$ 1.744.

A proporção da população com algum tipo de rendimento, seja ou não proveniente do trabalho, aumentou de 62,6% (ou 134,1 milhões) em 2022 para 64,9% (ou 140,0 milhões de pessoas) em 2023, um outro recorde. Em 2021, esse percentual era de 59,8% (127,1 milhões de pessoas), pior resultado da série registrado no auge da pandemia.

Outro recorde da série foi a proporção da população com rendimento habitualmente recebido do trabalho, que passou de 44,5% (ou 95,2 milhões de pessoas) em 2022 para 46,0% (ou 99,2 milhões) em 2023. O percentual mais baixo desse indicador ocorreu em 2020 (40,1% ou 87,4 milhões), também sob influência da pandemia.


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Fato Novo com informações: Brasil de Fato

Geraldo Naves

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