Colapso das correntes de ar nos polos pode provocar “mini era do gelo”

Colapso das correntes de ar nos polos pode provocar “mini era do gelo”

Os vórtices polares são fortes correntes de ar que circulam sobre o Ártico e a Antártida durante os meses de inverno, prendendo o ar frio acima dos polos. Este mecanismo serve como uma barreira que impede que o ar polar se espalhe para as latitudes médias. No entanto, isso pode estar mudando em razão das mudanças climáticas.

Temperaturas do planeta podem se tornar cada vez mais extremas
  • Segundo pesquisadores, o vórtice polar sul está atualmente mostrando sinais de extrema instabilidade, levando a temores de que possa entrar em colapso.
  • Ao mesmo tempo, o vórtice polar norte está sendo responsável pela intensificação de padrões polares extremos.
  • Em outras palavras, as temperaturas do planeta podem se tornar cada vez mais extremas (alerta que vale para o frio e o calor).
  • Os cientistas não sabem exatamente o que está causando a desestabilização dos vórtices polares, embora haja evidências de que isto é resultado do aumento das temperaturas globais.
  • As informações são do IFLScience.
Um possível efeito das mudanças climáticas

A ciência já sabe que, de vez em quando, a estratosfera acima do Ártico experimenta um aumento de temperatura e pressão, desestabilizando o vórtice polar norte e fazendo com que ele se divida, mude de direção ou entre em colapso. Isso permite que os ventos gelados do Ártico avancem mais ao sul, enquanto o ar quente é atraído para a região polar.

Conhecido como aquecimento estratosférico repentino, esse fenômeno causou o grande congelamento que atingiu partes dos Estados Unidos em 2019. No início de 2024, flutuações na pressão estratosférica fizeram com que o vórtice polar norte mudasse de direção duas vezes, trazendo intensas ondas de frio para o hemisfério norte. Apesar disso, nenhum destes eventos foi forte o suficiente para alterar significativamente a forma da corrente de jato.

Na Antártida, por outro lado, esses fenômenos são muito menos comuns, com o único caso conhecido ocorrendo em 2002. No entanto, isso pode estar prestes a mudar em razão de uma série de aumentos de temperatura na região desde o mês passado, levantando a temores de que o vórtice polar sul também possa se dividir.

Quando o vórtice polar se desestabiliza, o ar polar gelado se move para as latitudes médias (Imagem: zombiu26/Shutterstock)

Os cientistas afirmam que, em meados de julho deste ano, a velocidade do vento diminuiu de 300 quilômetros por hora para apenas 230 quilômetros por hora. Isso foi acompanhado por um pico de temperatura de cerca de 20ºC acima da média.

Um segundo caso aconteceu no início de agosto. Este evento resultou no ar frio da Antártida escapando da região polar e avançando para partes da Austrália, Nova Zelândia e América do Sul, deixando o clima úmido e gelado. Ao mesmo tempo, o ar quente das latitudes médias foi capaz de “invadir” a Antártida, desencadeando uma onda de calor recorde.

A comunidade científica está de olho na situação, mas existem divergências sobre o que pode acontecer num futuro próximo. Alguns defendem que o vórtice polar sul deve se estabilizar em breve, enquanto outros sugerem um colapso. Este último cenário resultaria em um verão excepcionalmente seco e quente na Austrália, sul da Ásia e na América do Sul.


Fato Novo com informações: Olhar Digital

Geraldo Naves

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