Conheça as mulheres que lutaram pela abolição da escravatura no Brasil

Conheça as mulheres que lutaram pela abolição da escravatura no Brasil

Ontem, a assinatura da Lei Áurea, que declarou o fim da escravidão no Brasil, completou 136 anos

A assinatura da Lei Áurea, que declarou o fim da escravidão no Brasil, completou 136 anos nesta segunda-feira (13/5). Para além da princesa Isabel, o processo de abolição da escravatura contou com a luta de inúmeras pessoas que foram invisibilizadas ao longo do tempo, como Luís Gama, André Rebouças e Francisco José do Nascimento, conhecido como Dragão do mar.

Além disso, várias mulheres resistiram e contribuíram para o fim do regime que durou mais de 300 anos no Brasil. O Correio preparou uma lista com os nomes de 5 figuras femininas importantes para o movimento abolicionista:

Dandara

Dandara foi casada com Zumbi dos Palmares e teve papel fundamental para a construção e comando do quilombo dos Palmares. Ela dominava técnicas de capoeira e lutou junto aos cerca de 30 mil do quilombo. “Dandara foi esposa de Zumbi e, como ele, também lutou com armas pela libertação total das negras e negros no Brasil; liderava mulheres e homens, também tinha objetivos que iam às raízes do problema e, sobretudo, não se encaixava nos padrões de gênero que ainda hoje são impostos às mulheres. E é precisamente pela marca do machismo que Dandara não é reconhecida ou sequer estudada nas escolas”, pontua a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas.

Adelina

Adelina vendia charutos nas ruas de São Luís e atuou como informante  das ações da polícia aos ativistas, participando de diversos comícios abolicionistas no Maranhão e ajudando na fuga de escravos. Nascida em 1859, ela era filha de uma mulher escravizada. “O conhecimento que Adelina possuía da cidade e sua facilidade em transitar sem levantar suspeitas, uma vez que andava de rua em rua vendendo fumo, acabou por ser um trunfo para o movimento abolicionista. A charuteira observava e antecipava as ações da polícia, conhecia suas rotas e se certificava de avisar os integrantes do movimento caso notasse qualquer ameaça”, destaca o Centro de Memória Sindical.

Maria Firmina dos Reis

Maria Firmina dos Reis foi a primeira romancista brasileira e utilizou a literatura como ferramenta para lutar pelo fim da escravidão. Nascida em São Luís, Maranhão, ela escreveu sobre a desigualdade vivida pelos escravizados e pelas mulheres. Maria Firmina é autora de Úrsula, livro publicado em 1859. A obra é considerada revolucionária e o primeiro romance abolicionista de autoria feminina da língua portuguesa, possivelmente o primeiro romance publicado por uma mulher negra em toda a América Latina.  “Defensora da abolição, em 1887 publica na imprensa o conto A escrava, texto abolicionista empenhado em se inserir como peça retórica no debate então vivido no país em torno da abolição do regime servil”, cita o site Literafro, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Maria Felipa de Oliveira

Maria Felipa de Oliveira liderou um grupo de cerca de 40 mulheres contra os portugueses nas guerras de independência na Bahia na década de 1820.  “Maria, uma mulher alta e de muita força física, se envolveu em luta contra as tropas portuguesas porque as mesmas queriam se instalar em pontos estratégicos da ilha, lugar que os escravos libertos usavam para comercializar mariscos e pães e fazer as próprias atividades. Eles precisavam defender o ganha-pão diário”, afirma a Coordenadoria de Promoção de Igualdade Racial da Prefeitura Municipal de Uruguaiana. (RS). Ela integra o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

Tereza de Benguela

Tereza de Benguela viveu no século XVIII e foi casada com José Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho, também conhecido como Quariterê, até ser assassinado por soldados de Mato Grosso. Com a morte do marido, ela tornou-se a líder do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas. “O Quilombo do Quariterê abrigava mais de 100 pessoas, com destacada presença de negros e indígenas. Tereza navegava com barcos imponentes pelos rios do pantanal. E todos a chamavam de ‘Rainha Tereza’. O Quilombo, território de difícil acesso, foi o ambiente perfeito para Tereza coordenar um forte aparato de defesa e articular um parlamento para decidir em grupo as ações da comunidade”, frisa a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.


Geraldo Naves

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