Coqueluche acende alerta para a importância de manter o cartão de vacina atualizado
Número de casos tem aumentado nos últimos meses no Distrito Federal
A coqueluche é uma doença de que há muitos anos não se ouvia falar, mas que tem registrado novos casos no Distrito Federal e acende um alerta para a importância de manter a caderneta de vacinação atualizada. Segundo dados da Secretaria de Saúde (SES), em apenas um mês, o DF subiu de oito para 44 casos confirmados da doença. O número ainda pode ser maior, já que 19 continuam em investigação.
Segundo a chefe do Núcleo da Vigilância Epidemiológica do Hospital Regional de Santa Maria, Larysse Lima, cinco casos da doença foram notificados no primeiro semestre de 2024 no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). Desses, um deles foi positivo para a coqueluche. O alerta é que todas as notificações foram de casos em crianças menores de 6 meses.
“Para os profissionais de saúde, é de extrema importância a atualização da caderneta de vacina. Na nossa Sala de Vacina do HRSM temos a dTpa e todas as outras vacinas disponíveis”, destaca.
“É uma doença que traz muita preocupação devido ao aumento de casos registrados em outros países e aqui no Brasil”, destaca Pedro Ribeiro Bianchini, infectologista pediátrico do HRSM
A principal característica da coqueluche, causada pela bactéria Bordetella pertussis, são crises incontroláveis de tosse seca seguida pelo guincho inspiratório, que é o som produzido pelo estreitamento da glote. A falta de vacinação é um dos principais fatores de risco para coqueluche em crianças e adultos. Embora tenha tratamento, a infecção pode levar à morte, especialmente em bebês menores de 6 meses, quando não tratados direito e ainda com o esquema vacinal incompleto.
Segundo o infectologista pediátrico do HRSM, Pedro Ribeiro Bianchini, a coqueluche é uma doença bacteriana respiratória facilmente transmissível e tem três fases diferentes, sendo a primeira a catarral, com sintomas leves que podem ser confundidos com uma gripe. O paciente apresenta coriza, febre, mal-estar e tosse seca e, em seguida, começam os acessos de tosse seca contínua.
De fácil propagação, a coqueluche é transmitida, principalmente, durante a fase catarral, em lugares com aglomeração de pessoas. Para se infectar é necessário contato direto com uma pessoa doente
Na segunda fase (paroxística), os acessos de tosse são mais frequentes e finalizados por inspiração forçada e prolongada (guincho inspiratório). Geralmente esses episódios são seguidos de vômitos, dificuldade de respirar e extremidades arroxeadas.
Na convalescença, os acessos de tosse desaparecem e dão lugar à tosse comum. Bebês menores de 6 meses são os mais propensos a apresentar formas graves da doença, que podem causar desidratação, pneumonia, convulsões, lesão cerebral e levar à morte.
“O período de incubação pode variar entre cinco e 10 dias, podendo chegar até 20, 30 ou 40 dias depois do contato. Por essa grande possibilidade de contato, é uma doença que traz grandes riscos às crianças, principalmente às menores de 6 meses, necessitando de internação, às vezes até na UTI. É uma doença que traz muita preocupação devido ao aumento de casos registrados em outros países e aqui no Brasil”, explica Bianchini.
De fácil propagação, a coqueluche é transmitida, principalmente, durante a fase catarral, em lugares com aglomeração de pessoas. Para se infectar é necessário contato direto com uma pessoa doente, por gotículas de saliva expelidas por tosse, espirro ou fala. Há também a possibilidade de transmissão por objetos contaminados.
Para doenças respiratórias, em geral, o médico indica o uso de máscaras, isolamento e lavagem das mãos, com foco na prevenção de diversas doenças como coqueluche, covid-19, bronquiolites, gripes e resfriados em geral.
Prevenção e tratamento
“A principal medida de prevenção contra a coqueluche é a vacinação, até mesmo das gestantes, para proteger o bebê até sua primeira dose da vacina, com 2 meses de vida. Os profissionais de saúde também devem se prevenir, pois estamos suscetíveis e podemos ser transmissores”, destaca o infectologista pediátrico.
O esquema vacinal é feito com a vacina pentavalente, que previne contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria Haemophilus influenzae tipo b, com um segundo reforço aos 4 anos com a tríplice bacteriana (DTP).