Criança baleada em Santa Cruz recebe alta do hospital; criminosos fizeram, pelo menos, 28 disparos em carro que ela estava
Menino foi atingido nas costas e ficou internado no Hospital municipal Pedro II até esta terça-feira
A criança de 7 anos baleada em ação criminosa que matou duas mulheres no último dia 31, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, recebeu alta do Hospital municipal Pedro II. O menino estava em um carro voltando da escolinha de futebol com a mãe, Stefany Santos de Barros, de 23 anos, e Thuany Rocha Batalha, de 35. Elas estavam num Fiat Palio vinho quando, por volta de 12h, ao menos, 28 disparos foram feitos. Thuany e Stefany não resistiram aos ferimentos. O menino foi atingido nas costas e ficou internado até esta terça-feira.
Stefany estava no banco do motorista. Ao seu lado, no banco do carona, estava Thuany, enquanto a criança sentava no banco traseiro. Os disparos — feitos por criminosos que chegaram, segundo testemunhas, em dois carros — atingiram o grupo. Thuany morreu ainda no local. Já Stefany e a criança foram socorridas pelo pai da mulher de 23 anos. Stefany deu entrada em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ainda com vida, mas não resistiu.
A família acredita que o alvo dos tiros seria um homem identificado como Rafinha, que teria se aproximado do veículo das vítimas pouco antes dos disparos serem efetuados. Segundo a família, com o início do tiroteio, ele teria se escondido na parte traseira do carro e, em seguida, fugido.
Guerra entre milícias
A região de Santa Cruz é alvo de uma disputa territorial entre os milicianos Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, e Alan Ribeiro Soares, conhecido como Nanan ou Malvadão. O ataque ocorrido nesta quinta-feira seria mais um capítulo dessa disputa.
Ex-braço direito de Zinho, Nanan teria assumido o controle de áreas que antes gerenciava sob o comando de Zinho. A disputa entre os dois teria começado há cerca de três meses. Segundo informações da polícia, Nanan teria assumido a região da Avenida João XXIII, em Santa Cruz, e a guerra seria travada pela retomada do terreno que um dia já foi do grupo de Zinho. Investigações apontam que o Nanan já prestava serviços para a quadrilha de Ecko em 2015 e, partir daquele ano, teve uma ascensão meteórica na quadrilha.
Contra Nanan, há pelos menos dois mandados de prisão em aberto. Um deles foi expedido por associação criminosa. O segundo é por organização criminosa — ele já foi condenado a seis anos de reclusão nesse processo.
A disputa entre os dois milicianos se acirrou nos últimos meses e deixa um rastro de sangue em Santa Cruz. Moradores da região relatam tiroteios constantes entre os grupos rivais e intensa movimentação de bandidos armados em carros.