Desmatamento na Amazônia cai 30,6% e atinge menor valor em nove anos
Entre agosto de 2023 e julho de 2024, foram perdidos 6,2 mil km² de floresta. Organizações comemoram, mas defendem que Brasil pode e deve fazer mais
O desmatamento na Amazônia entre 1º de agosto de 2023 e 31 de julho deste ano foi de 6.288 km², área equivalente a quatro vezes a cidade de São Paulo. O número, divulgado nesta quarta-feira (6), representa uma queda de 30,6% em relação ao ano passado, quando foram derrubados 9.064 km² de floresta.
A taxa anual de desmatamento, fruto do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal Por Satélite (PRODES), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), é a menor desde 2015.
Ela também representa uma queda de 45,7% em relação ao último ano do governo de Jair Bolsonaro, quando os números do desmatamento na Amazônia explodiram. Segundo o INPE, essa queda significa que 790 mil hectares de floresta amazônica deixaram de ser desmatados nos dois primeiros anos do governo Lula.
De acordo com o Governo Federal, a retomada do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), que agora está em sua 5ª fase, foi fundamental para a conquista de tal resultado.
“[A queda no desmatamento na Amazônia] é fruto de um plano que foi pensado não como uma política setorial, mas como uma política transversal, que hoje conta com a coordenação executiva do Ministério do Meio Ambiente (MMA), com a coordenação política da Casa Civil, e também com mais 19 ministérios trabalhando juntos”, disse a ministra Marina Silva, durante coletiva de divulgação dos dados.
O governo também comemorou a redução do desmatamento em 78% dos municípios prioritários da Amazônia. São 70 cidades que historicamente acumulavam grandes taxas de destruição da floresta e que, nesta 5ª fase do PPCDAm, foram eleitas para receber ações de fiscalização com prioridade.
Entre os estados da Amazônia Legal, sete das nove unidades da federação inseridas no bioma tiveram redução do desmatamento entre 2023 e 2024, sendo os valores mais acentuados observados em Rondônia (-62,51%) e Mato Grosso (-38,28%). O estado de Roraima foi o único que apresentou aumento do desmatamento (53,52%). O Amapá não teve polígonos detectados pelo INPE.
Desmatamento zero?
Após o anúncio dos números, diferentes organizações se manifestaram sobre os esforços que estão sendo feitos pelo governo para conter o desmatamento não só na Amazônia, mas também nos demais biomas brasileiros. Elas defendem que, apesar de ter alcançado resultados positivos, o Brasil pode – e deve – fazer mais.
Segundo o Observatório do Clima, os avanços no controle do desmatamento são um “trunfo do país e uma vitória para Lula e sua ministra do Meio Ambiente”. Para a rede de organizações, os números mostram que o Brasil aprendeu a reduzir o desmatamento e que o kit de políticas públicas de combate ao crime ambiental desenvolvido no âmbito do PPCDAm serve ao propósito quando o governo tem interesse em usá-lo.
“A forte queda do desmatamento mostra que Brasil pode mais, mas governo precisa resolver contradições internas, impedir motosserra do Congresso e aumentar ambição climática. Mostra também que o Brasil tem plenas condições de fazer mais no clima: de fato, o país pode e deve zerar o desmatamento, legal e ilegal, em 2030, como prometeu o atual Presidente da República”, disse a organização.
Às vésperas da Conferência do Clima da ONU, que começa na próxima segunda-feira (11) em Baku, Azerbaijão, o Greenpeace Brasil também ressaltou o papel do controle do desmatamento na agenda climática, chamando atenção para os desafios que o Brasil ainda precisa enfrentar, entre eles, as queimadas.
“Os recordes de queimadas na região mostram que ainda há muito o que fazer”, disse a organização. “Embora a volta da fiscalização e a estratégia de priorização de municípios críticos tenham refletido positivamente nos números anunciados, o Brasil segue muito longe do objetivo de desmatamento zero assumido pelo governo”, conclui.