Despejada, associação de apoio a autistas encerra as atividades no DF

Despejada, associação de apoio a autistas encerra as atividades no DF

Referência nacional no tratamento de pessoas com diagnóstico de TEA de nível de suporte 3, AMA-DF perdeu apoio e foi alvo de ação de despejo

O sonho e o trabalho da Associação dos Amigos dos Autistas do Distrito Federal (AMA-DF) acabou nessa terça-feira (23/4). Após uma ação de despejo, a equipe da instituição viu o projeto ser reduzido a poucos objetos, guardados no porta-malas de um carro.

“O sonho acabou. A AMA-DF veio parar dentro do meu carro. O que sobrou dela”, lamentou a presidente da associação, Gisele Montenegro, ao deixar a sede do projeto, no Instituto de Saúde Mental (ISM).

A ameaça de encerramento da iniciativa mobilizou a população. Em fevereiro de 2022, o apresentador global Marcos Mion chegou a fazer um apelo ao governador Ibaneis Rocha (MDB) para que o despejo não ocorresse. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), no entanto, não voltou atrás.

Referência nacional no tratamento de pessoas com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) de nível de suporte 3, o projeto atendia ao público gratuitamente, no Riacho Fundo 1.

Contudo, devido a uma ação reintegração de posse apresentada pela SES-DF, ainda gestão do ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB), o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) emitiu uma ordem de despejo contra a associação.

O fechamento da AMA, a única entidade que atende pessoas com TEA de nível 3, ocorre em pleno abril, considerado o mês de conscientização sobre o autismo. Sem um teto e as mínimas condições de infraestrutura, o projeto ficou sem meios de prestar serviços à comunidade.

Repercussão negativa

Pressionada pela repercussão negativa com a divulgação do caso, a Secretaria de Saúde adiou o despejo e prometeu alternativas para a continuidade dos serviços da AMA-DF. No entato, tudo só ficou no papel.

A associação chegou a suspender as atividades em 2023, devido às tratativas com a pasta em busca de uma solução. Além disso, parte dos colaboradores e pacientes contraiu a Covid-19.

O projeto, porém, seguia à risca a Lei Distrital nº 4.568/2011, que trata das políticas públicas voltadas ao atendimento de autistas de todas as idades. A associação contava com musicoterapia, terapia ocupacional, psicopedagogia, horta e atividades físicas, por exemplo.

O serviço ocorria em tempo integral, e o público era atendido das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira. Nesse período, as famílias dos autistas tinham tempo para trabalhar e resolver obrigações pessoais.

Metrópoles entrou em contato com a SES-DF para pedir um posicionamento sobre o caso, mas não teve retorno até a mais recente atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.


Geraldo Naves

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