Escreva um livro. Vai valer a pena. Nem que seja só para você
Escrevo livros para que sejam publicados. Gosto de compartilhar as minhas experiências, reflexões e conhecimento. Por isso, já escrevi 35, e o 36º também deve sair em breve. Sinto enorme prazer quando recebo mensagens dos leitores comentando os meus artigos. Não importa se a manifestação tem por objetivo elogiar ou criticar.
Se elogiam, ótimo. Significa que a minha maneira de pensar está de acordo com a forma deles verem a vida. Se criticam, bom também, pois de uma maneira ou de outra foram tocados pelo que escrevi. Se tiveram a iniciativa de se manifestar, é porque também chegaram a pensar no tema e, por discordarem, se deram ao trabalho de revelar seu descontentamento. Não ficaram indiferentes.
Ainda que não fosse para publicar
Eu escreveria de qualquer maneira, ainda que não houvesse ninguém para ler. Tanto é que tenho alguns textos que nunca expus aos leitores. E, talvez, continuem reclusos no fundo das gavetas ou ocultos nas pastas do computador. Escrevi para mim mesmo, apenas pelo prazer de escrever. Uma obra feita para um único leitor.
Houve casos de artigos que permaneceram esquecidos durante anos. De repente, sem que esperasse, ocorreu um fato curioso que estava associado àquele texto e aí senti que era o momento apropriado para retirá-lo das trevas. Apareceu inédito, como se tivesse sido produzido para aquela finalidade.
Difícil para alguns entenderem
A maioria não entende. Por que escrever se jamais chegará aos leitores? A explicação é simples – aprendo muito com tudo o que escrevo. Jamais saio de um texto da mesma forma como entrei.
Aquele que escreve é obrigado a pesquisar, a refletir a ordenar o raciocínio. A arte de redigir não admite preguiça. Ele é forçado a esquematizar o pensamento, a disciplinar o conhecimento, a estruturar a experiência e a tirar as camadas que escondem informações adormecidas na mente.
Você já escreveu para apenas um leitor
Para exemplificar. Reflita sobre o que já aconteceu em sua vida. As suas redações que exigiram tanto esforço mental nunca foram lidas por outra pessoa além do professor da matéria. No máximo, chegaram a ser avaliadas por seus pais.
Foram esses textos, porém, que o capacitaram a uma escrita fluente, lógica, concatenada. Hoje, ao elaborar um relatório profissional, sem que se dê conta, estará pondo em prática toda essa experiência acumulada por anos a fio nos bancos escolares. Portanto, escrever, ainda que seja apenas para você, é um exercício que só trará benefícios.
Quem escreve aprimora a comunicação
Sem contar que a qualidade da sua comunicação também teve origem nesse treinamento solitário. Aprendeu a pensar com começo, meio e fim. Projeta a imagem de um profissional bem-preparado, educado, aprimorado pelo fazer e refazer. E, em quantas oportunidades, fazer e refazer novamente.
Tenho boa experiência no trato com escritores. Coordeno três séries de livros. Alguns desses autores escrevem com um único objetivo: ver a sua obra nas listas dos mais vendidos. Sonham com a sua publicação se transformando em bestseller. Imaginam uma gloriosa noite de autógrafos, com enormes filas.
Toda realização começa com um sonho
Acho maravilhoso ter esse entusiasmo e essa aspiração. Qualquer realização, seja ela pequena ou de grande magnitude, começa sempre com um sonho. Alguns até se concretizam para surpresa do próprio sonhador, que julgava ser tudo talvez fruto apenas da sua imaginação.
Penso, entretanto, que quem escreve, seja um livro de ficção, uma obra técnica ou de autoajuda, precisa antes pensar em si próprio. Deve ter em mente as vantagens que conquistaria com essa tarefa. Se publicar o que escreveu, muito bom, pois atingiu um patamar reservado a poucos. Se vender, ótimo, já terá subido outro degrau. Se entrar para as listas dos mais vendidos, faça a festa.
Sairá diferente dessa empreitada
Se, todavia, não sair do primeiro estágio, não fique triste nem desanimado. Vibre por ter se entregado a uma empreitada que tornou possível seu aperfeiçoamento e crescimento.
Por isso, se tiver em mente escrever um livro, não pense somente em vê-lo brilhando nas vitrines das livrarias. Ainda que essa glória não venha a acontecer, entre de corpo e alma nesse desafio. Como eu disse, ao colocar o ponto final na obra, será uma pessoa diferente, melhorada, mais experiente e preparada para os embates da vida.