Ex-assessor revela “caixa 2” na campanha que elegeu Lucas Sanches; esquema está em contrato
O ex-chefe de gabinete do vereador Lucas Sanches (PL), de Guarulhos, Caique Marcatti revelou um esquema de “caixa 2” usado na campanha de 2020, quando Sanches conquistou o mandato. Os dois assinaram um contrato em outubro de 2020, logo após a eleição de vereadores. Pelo documento, Caique pagaria R$ 80 mil para ficar com metade dos cargos comissionados no gabinete. Ele diz que, na verdade: “o dinheiro foi usado na campanha do Lucas”.
Sobre o “caixa 2″, o ex-assessor explica que antes de fazer o acordo com Lucas, ele planejava ser candidato a vereador. Caique disse que tinha uma reserva de R$ 80 mil para investir na sua campanha.” Ele (Lucas) sabia que eu tinha essa grana e que minha campanha estava organizada. Foi por isso que ele me procurou na época”, conta. O valor de R$ 80 está no contrato, no ítem 2 da cláusula segunda e aparece como ajuda de Caique à campanha de Lucas.
Nas conversas que tiveram, Lucas convenceu Caique a desistir da candidatura para trabalhar na dele. Segundo Caique, o ainda candidato Lucas pediu os R$ 80 mil para usar na campanha. Marcatti conta que só tinha o dinheiro em espécie, e não podia transferir na conta do Lucas. “Eu dei em espécie, e ele usou na campanha como caixa 2”, afirma.
“VEDA” DE 50%
No contrato que o Diário trouxe com exclusividade, Lucas Sanches dá autonomia ao seu então chefe de gabinete. Pelo contrato, Caique poderia indicar a nomeação de 50% dos assessores. Ele nega que tenha feito qualquer nomeação. “Esse contrato servia de garantia moral. Eu nunca usei nada desse contrato”, diz Caique.
Ao falar de sua responsabilidade, Caique explica que não concordava com as decisões de Lucas Sanches. “E nunca concordei com nada dessas coisas erradas que ele fez”, afirmou. Sobre a proposta de firmar o contrato entre os dois, Caique disse que a ideia foi do vereador. No documento, Lucas assume o compromisso de pagar multa rescisória a Caique no valor de R$ 1,4 milhão.
OUTRO LADO
O vereador Lucas, como em todas as reportagens, foi procurado para comentar sobre o suposto uso de “caixa 2” em 2020, quando se elegeu. Até o fechamento da reportagem, ele não havia se manifestado.