Exposição gratuita celebra a arte e os artistas do Planalto Central
Mostra leva para o Museu Nacional da República mais de 400 obras de 158 pintores, escultores e criadores conectados com Brasília
Retratar a dimensão estética do surgimento de Brasília e celebrar a diversidade artística da capital são premissas da exposição Brasília, a Arte do Planalto, em cartaz no Museu Nacional da República. Com curadoria de Paulo Herkenhoff e cocuradoria de Sara Seilert, a mostra reúne mais de 400 obras de 158 artistas que, de alguma forma, têm ligação com a cidade e a região do Planalto Central.
A exposição, realizada pela FGV Arte em parceria com o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), teve início no dia 25 de setembro e segue até 24 de novembro. A entrada é franca e livre para todos os públicos.
Segundo a diretora do Museu Nacional da República, Fran Favero, as obras levam o visitante para um passeio que começa na criação da cidade e vai até os movimentos recentes em defesa da democracia e da liberdade, mostrando a importância da capital em diversas esferas, além da política.
“Quando essa exposição veio para Brasília, o curador, Paulo Herkenhoff, teve o cuidado de incluir também a cocuradora Sara Seilert, aqui de Brasília, e de dar uma atenção tanto para acervo do Museu Nacional da República quanto para os artistas daqui do DF. Afinal, é uma exposição sobre Brasília”, explica.
A cocuradora Sara Seilert, por sua vez, ressalta a pluralidade de técnicas, estilos e identidades presentes na exposição, proporcionando ao espectador uma experiência abrangente que celebra a identidade artística da capital.
“A gente decidiu acolher outras linguagens, além de novos artistas, para ampliar essa abordagem de uma possível história da arte brasiliense”, destaca.
“Brasília tem uma produção muito diversa, dispersa e pungente. Aqui, na exposição, a gente vê como essa produção dialoga entre si e até com a academia, porque nós temos obras produzidas por artistas que foram professores, que formaram alunos e alunas, ou artistas que produziram fora do cânone, como autodidatas, mas que também dialogaram com esses artistas”, completa.
As obras
A exposição destaca artistas contemporâneos, como Christus Nóbrega, em cartaz com a obra Brasília, enfim. Nela, o professor do Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília (UnB) propõe uma reflexão sobre a ancestralidade e a identidade, imaginando uma capital utópica e abordando a ideia de como construir um futuro sem esquecer o passado.
Inspirado por um projeto de lei de 2011, que permitiria a afrodescendentes e indígenas alterarem sobrenomes para recuperar suas origens, Nóbrega criou um “cartório de retificação identitária” como parte de sua exposição. Utilizando inteligência artificial, o artista desenvolveu um agente inteligente com uma base de dados de mais de 8 mil sobrenomes africanos e indígenas, permitindo que visitantes participem de uma experiência interativa que lhes possibilita reconstruir seus sobrenomes, resgatando raízes que foram apagadas ao longo da história.