Falso diácono: taxista e moradores de condomínio estão entre vítimas
O homem de 27 anos que se passou por diácono da Igreja Católica em Brasília já foi denunciado por aplicar golpes em dois moradores de um condomínio de luxo do Setor de Hotéis e Turismo Norte (SHTN). Marcos Antônio Oliveira Batista (foto em destaque) teria pego dinheiro emprestado junto às vítimas e desaparecido em seguida.
Usando da simpatia para conseguir a confiança dos moradores, o falso religioso continuou se aproximando das vítimas, até que, em 8 de julho, pediu R$ 300 a uma moradora e R$ 250 a outro vizinho. Após conseguir o dinheiro, Marcos deixou o condomínio e nunca mais deu as caras.
A 5ª Delegacia de Polícia (área central) investiga o caso.
Ao Metrópoles moradores do DF e de São Paulo (SP) alegam ter sofrido golpes de Marcos Antônio. Um homem que preferiu não ser identificado disse que conheceu o acusado em dezembro de 2021, em uma festa de Ano-Novo em Brasília. “Ele se dizia médico e falava que estudava em Portugal. Acabei emprestando um bilhete de passagem aérea para ele ir ao país europeu, além de R$ 1 mil, que ele disse que seria para uma amiga dele. Depois disso, ele começou a dar desculpas”, relata.
“A conversa dele não era fajuta, ele te fazia acreditar no personagem, ia te convencendo com histórias sem furos aparentes”, relembra a vítima.
Um morador de São Paulo (SP) acusa Marcos Antônio de se passar por padre e dar golpes em fiéis de paróquias da capital paulista. O rapaz reuniu relatos de outras vítimas do indivíduo, que contam ter sido abordadas por ele pedindo dinheiro para vaquinhas, passagens de avião e procedimentos médicos.
“Ele dava o golpe nas pessoas e ia apagando os perfis das redes sociais para não ser encontrado. Depois, fazia outras contas”, conta o morador de SP, que também pediu anonimato.
As acusações contra Marcos Antônio se acumulam no X, ex-Twitter. Um perfil chegou a divulgar um vídeo, supostamente gravado em 2021, onde o acusado afirma ser policial e faz ameaças.
A Polícia Civil do Paraná (PCPR) prendeu o falso religioso na cidade de Paranacity (PR) na última segunda-feira (1º/7), pelo crime de estelionato. De acordo com a corporação, Marcos Antônio não apresentou documento de identidade no momento da prisão, apenas um certificado se intitulando diácono.
Ainda segundo a PCPR, Marcos acumula inúmeras denúncias de estelionatos e furtos em diversas cidades e estados. No município de Cruzeiro do Sul (PR), o acusado apresentou comprovantes falsos de Pix após realizar um tratamento odontológico em uma clínica, e também ao comprar cervejas em um estabelecimento. Em Londrina (PR), o indivíduo é acusado de pedir uma corrida de táxi e também mostrar um comprovante forjado ao taxista.
Taxista dá detalhes
Após a veiculação do caso por parte do Metrópoles, o taxista procurou a reportagem para revelar o golpe cometido por Marcos Antônio. Passando-se por padre, o homem fingia pagar pela corrida com um comprovante falso de Pix, e quando era cobrado, dizia que o banco impediu a transação. “O banco me ligou para confirmar a transação e disse que eu errei ao colocar o seu nome. Me passe agência e conta que farei novamente a transferência”, disse o golpista. A transação nunca foi concluída.
Ata falsa
A Arquidiocese de Brasília expôs e denunciou Marcos Antônio na última quarta-feira (3/7). Ele teria produzido uma ata de ordenação diaconal, mas a Igreja atesta que o documento é fake.
A organização religiosa divulgou detalhes do caso por meio das mídias sociais. Em postagem no Instagram, a Arquidiocese compartilhou uma imagem do documento adulterado. O texto da ata afirma que, em 2 de dezembro de 2020, na Catedral de Brasília, Marcos Antônio teria sido reconhecido como diácono. “A celebração contou com presença de numerosos fiéis”, afirma o registro forjado.