Hip hop: MC´s levam arte e cultura para dentro dos ônibus do DF

Hip hop: MC´s levam arte e cultura para dentro dos ônibus do DF

Uma ideia que transforma a rotina dos passageiros entre o ir e vir do trabalho, agregando humor e leveza à vida

Para fazer os usuários do transporte público saírem da rotina de trabalho e estudos, MC’s do Distrito Federal tiveram a ideia de ir aos coletivos levando arte e cultura para cada um dos passageiros. Palmas e gargalhadas eram as reações mais comuns. Ao Correio os passageiros destacam os benefícios que essas apresentações têm, como distração e cultura. Além disso, contam que é algo que levanta a autoestima de qualquer um.

A vontade de compartilhar as letras do Hip Hop, levar arte para os estudantes e trabalhadores, além da necessidade de ganhar uns trocados, levaram Morfeu a rimar nos coletivos. “É uma atividade motivadora, poucas pessoas da periferia e do proletariado têm a possibilidade de apreciar minutos de arte na rotina. Eu como um artista de rua sinto que carrego um espelho para as pessoas enxergarem nelas mesmas a humanidade que a rotina e o sistema cruel tira de cada uma”, reflete.

Ele conta que está praticamente vivendo dentro dos ônibus e sempre busca levar felicidade e dignidade para os passageiros. “Esse objetivo se renova a cada dia. O nosso trabalho é reconhecido para quem escuta com o coração. Pelo fato de ser uma cultura marginalizada, muita gente vê como uma situação de risco, de humilhação ou até mesmo de violência. Mas, quem escuta com o coração sabe que um rimador na rua tem a mesma intenção de um compositor de música erudita. A arte veio pra salvar e permear entre a realidade e o sentimento. Acho que quem entende isso reconhece, quem não entende, infelizmente, tem que abrir os olhos e ouvidos do coração. A arte é tão forte e necessária quanto as demais coisas da vida”, sintetiza.

As brincadeiras e rimas são para todos os públicos. O MC Morfeu trocou o nome de Maria dos Santos, 80 anos, para  Penélope Charmosa, que ficou impressionada com o trabalho do artista. “Eu dou o maior valor, nunca presenciei um trabalho como esse. No meu ponto de vista eles devem continuar, o artista deve aparecer e ser visto. Fiquei encantada, só elogiaram minha pessoa. Até meu guarda-chuva recebeu elogios”, brinca.

“Às vezes o nosso dia está tão cansativo, corrido e conseguiram tirar um sorriso do meu rosto. Vale muito a pena, eu tive uma linda distração, saí da rotina, da mesmice”, pontua Maria. Uma das dezenas de usuários do transporte público que se divertiram e aplaudiram Morfeu e seu parceiro de trabalho.

Geraldo Naves

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