Max Maciel correlaciona problemas na mobilidade urbana com violência contra as mulheres
A notícia do estupro de uma adolescente ao atravessar uma passarela na EPTG, nas cercanias de Vicente Pires, repercutiu no plenário da Câmara Legislativa nesta quarta-feira (9)
Ao lamentar o ocorrido, o deputado Max Maciel (Psol), que preside a Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana, relacionou uma série de questões do sistema de transporte público do Distrito Federal com a falta de segurança para as mulheres e apresentou “terríveis dados, mas reais” sobre o assunto.
Citando números da pesquisa “Vivências e demandas das mulheres por segurança no deslocamento”, realizada pelos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, o distrital informou que 97% das mulheres têm medo de sofrer algum tipo de violência enquanto se deslocam pela cidade e 80% sentem medo de sofrer um estupro, agressão física, preconceito ou discriminação por alguma característica sua. Além disso, ele apontou que sete em cada dez mulheres revelam já ter vivenciado alguma violência durante o deslocamento.
“Falhas no transporte, falta de iluminação pública, ruas vazias, espaços públicos abandonados e ausência de policiamento em horários de deslocamento aumentam a sensação de insegurança durante os trajetos”, destacou Maciel. “No Itapoã Parque, há paradas novas perto de matagal com quase 1,5m de altura”, exemplificou. Ele ainda acrescentou que as mulheres negras e pobres são as que mais usam o transporte público e as que acabam sofrendo mais violências.
Também do Psol, o deputado Fábio Felix lembrou “duas histórias muito tristes que pautaram a CPI do Feminicídio”, em 2019: “Letícia Curado foi assassinada depois de não conseguir acessar o sistema de transporte público em Planaltina; e Pedrolina Silva foi abordada numa parada de ônibus sem proteção, iluminação e condições mínimas de segurança para mulheres, no início da L2 Sul”.
O parlamentar defendeu a implementação das 80 recomendações da CPI e pregou: “A gente não pode se silenciar com relação às mulheres não se sentirem seguras nos espaços públicos da cidade. Não podemos naturalizar isso”.
Fonte: Denise Caputo – Agência CLDF