PCDF deflagra operação e desmonta esquema milionário de cetamina
A Polícia Civil do Distrito Federal, por meio da Coordenação de Repressão às Drogas—Cord, em ação conjunta com a 4ª Promotoria de Entorpecentes do DF, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios—MPDFT, e apoio do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento— Mapa, desencadearam, nesta manhã (5), a Operação My Key Style. A ação é decorrente de uma complexa investigação que apura a atuação de uma organização criminosa interestadual (Orcrim) que realizava, principalmente, o tráfico de medicamentos de uso veterinário, conhecido como Ketamina, em grande escala.
Os policiais cumprem 23 mandados de busca e apreensão em residências e comércios ligados à Orcrim, sendo 14 em São Paulo; cinco no Rio de Janeiro e quatro em Brasília, além de seis mandados de prisão, sendo quatro em São Paulo e quatro no Rio de Janeiro. Outros cinco mandados de busca e apreensão de veículos (quatro em São Paulo e um no DF), e bloqueios de diversas contas bancárias.
A investigação produziu evidências e elementos de informação suficientes para o esclarecimento da estrutura da referida Orcrim, identificação dos seus principais integrantes e discriminação de suas funções na organização.
As atividades de inteligência, somadas às atividades de campo e informações compartilhadas por unidade de inteligência financeira pelo setor de Segurança da Empresa Brasileira de Correios e Telegrafos— ECT, permitiram traçar uma linha do tempo que se inicia, no final do ano de 2021, com a fundação de uma pessoa jurídica (empresa)— que fora constituída com o único propósito de comercializar ilegalmente medicamentos veterinários controlados, mormente o anestésico *cetamim, especialmente via postal.
De acordo com os regulamentos agropecuários, há uma série de exigências para os estabelecimentos que armazenam, comercializam e/ou distribuam produtos de uso veterinário, especialmente no que tange às substâncias sujeitas a controle especial.
“Até a identificação dessa organização criminosa, o tráfico de ketamina envolvia veterinários ou estabelecimentos que revendiam parte dos medicamentos adquiridos por eles, ou seja, ocorria o desvio de um percentual da substância adquirida que entrava no mercado ilegal. Essas vendas clandestinas eram omitidas ou dissimuladas nos relatórios enviados para o Ministério da Agricultura”, destaca o coordenador da Cord/PCDF, delegado Rogério Henrique de Oliveira.
As investigações ainda comprovaram que, nesse modelo, os estabelecimentos e os veterinários têm uma atuação legal e outra clandestina. Essa dinâmica, naturalmente, limita o volume de vendas ilegais, pois se forem feitas em grande quantidade as chances das fraudes serem identificadas aumenta. “Porém, esse grupo criminoso inovou ao montar um esquema em que toda a atuação empresarial seria voltada para o mercado clandestino”, acrescenta o delegado da PCDF.
A empresa identificada pela PCDF, trata-se de uma agropecuária localizada no Estado de São Paulo criada com uso de documentação falsa, exclusivamente para a aquisição de cetamina que era distribuída aos Estados do Rio de Janeiro, Pará, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal.
Restou comprovado por meio das diligências que para ocultar e disssimular a origem ilícita da grande movimentação financeira que seria produzida pelo esquema criminoso, os envolvidos montaram uma rede de pessoas jurídicas e naturais, também com o uso de documentos falsos.
E para cumprir todos os requisitos administrativos visando receber autorização de comercializar os medicamentos controlados, o grupo cooptou uma médica veterinária— apontada no contrato social da empresa como responsável técnica— para ser cadastrada no sistema de controle de aquisições de medicamentos controlados do Ministério da Agricultura.
O esquema criminoso da cetamina
Montada a estrutura criminosa, a Orcrim passou a adquirir grandes quantidades de medicamentos veterinários controlados junto à indústria e a grandes distribuidores. O esquema prosperou rapidamente e a empresa agropecuária, ora investigada, tornou-se o maior cliente de uma das empresas fabricantes da cetamina e de outros medicamentos veterinários restritos.
“Apenas no último ano, aempresa adquiriu pelo menos R$ 7 milhões em cetamina e outros medicamentos. Cada ampola de cetamina era comprada por R$ 90 a R$100 e revendida a traficantes logais por R$ 400, tornando-se o lucro altamente , enquanto ao ser vendida aos traficantes locais, cada ampola pode chegar ao valor de R$ 400, explica o delegado da Cord.
Ainda de acordo com o delegado, todos esses medicamentos eram vendidos no mercado ilegal e parte deles acabou sendo apreendido em ações realizadas pela Cord e a 10º DP do Lago Sul em várias regiões do DF, “sendo possível desarticular o maior esquema de tráfico de cetamina do País”, destaca o chefe da Cord.
Destaque-se que apenas um dos investigados no Distrito Federal, recebeu ao menos 30 encomendas contendo Cetamina, já tendo sido, também, plea Cord/PCDF no dia 28/02/2023; e outro investigado no Distrito Federal, preso pela 10ª DP, no dia 29/05/2023, quando recebia grande quantidade de cetamina, via postal.
A PCDF ainda flagrou uma entrega, realizada pela indústria em 24/10/2023, à empresa envolvida na investigação. Na ocasião, 252 frascos de cetamina foram apreendidos, os quais foram adquiridos diretamente da indústria pelo valor aproximado de R$ 25 mil.
*O cetamim é um medicamento controlado e tem na sua composição a cetamina. Essa substância, quando desidratada, é vendida como droga e ganha a denominação de Ketamina, ou “Key”. Trata-se de uma droga de uso recreativo e cuja difusão vem apresentando significativo incremento nos últimos anos, em decorrência da popularização do seu consumo em festivais de música eletrônica.
Assessoria de Comunicação— Ascom/DGPC