PM denuncia ter sido torturado por colegas no Batalhão de Choque, no DF

PM denuncia ter sido torturado por colegas no Batalhão de Choque, no DF

Um policial militar denunciou ter sido torturado por colegas da corporação dentro do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), no Setor Policial Sul, em BrasíliaSegundo o soldado Danilo Martins, ele foi agredido para que desistisse de um curso de formação.

O soldado ficou internado no hospital por seis dias. Ele diz que foram 8h dentro do batalhão sendo torturado, até que ele resolveu assinar o termo de desistência do curso, mesmo sem entender o motivo das agressões (veja detalhes mais abaixo).

A PMDF disse que a corregedoria abriu um inquérito para apurar o caso e informou que o tenente apontado como o responsável por liderar as agressões se desligou da coordenação voluntariamente, enquanto o caso é investigado. Mas, em nota, a corporação negou que o policial tenha sido forçado a assinar a desistência e disse que “não há que se falar em tortura” (leia íntegra ao final da reportagem).

Agressões

Na denúncia feita ao Ministério Público, o policial conta que teve gás lacrimogênio e gás de espuma jogados em seu rosto, que foi obrigado a tomar café com sal e pimenta, e que foi agredido com pauladas, chutes no joelho, no rosto e no estômago.

“Eles colocaram gás nos meus olhos, depois pediram para eu correr ao redor do batalhão cantando uma música vexatória. E depois disso me colocaram para fazer flexão de punho cerrado no asfalto, me deram pauladas na cabeça, no estômago”, conta Danilo (veja vídeo acima).

Danilo diz que, no hospital, ele foi diagnosticado com insuficiência renal, rabdomiólise – ruptura do músculo esquelético, ruptura no menisco, hérnia de disco e lesões lombar e cerebral.

Forçado a assinar desistência

Imagem mostra hematomas no corpo do soldado Danilo — Foto: Reprodução
Imagem mostra hematomas no corpo do soldado Danilo — Foto: Reprodução

Danilo conta que se inscreveu no curso de patrulhamento tático móvel de 2024. No dia 22 de abril, haveria a apresentação, onde são tratadas questões documentais, de alojamento, cerimonial e toda a logística do curso.

“Eu me apresentei às 8h15, juntamente com o turno, e o coordenador já me retirou do turno e disse que se eu não assinasse o requerimento [de desistência] que já estava preenchido, ele iria me tirar, seja por lesão ou trairagem”, lembra Danilo.

O soldado conta que se recusou assinar a desistência, por várias vezes. E foi quando, segundo ele, o tenente coordenador do curso de patrulhamento tático móvel iniciou as agressões contra ele, junto de outros policiais.

Danilo é escritor e atleta, e já venceu uma competição internacional de futebol dentro da corporação. Ele também costuma compartilhar a rotina nas redes sociais. Segundo ele, isso pode ter motivado as agressões.

“Ele [tenente] disse que muitas pessoas pediram para ele fazer aquilo e que ele não iria embora sem me desligar”, afirma Danilo.

O que diz a PMDF

“Durante as atividades do curso de Patrulhamento Tático Móvel, no dia 22 de abril, um aluno solicitou desligamento após passar pela etapa inicial do curso e exercícios físicos previstos. Apesar de sair do batalhão alegando que estava bem, o referido aluno procurou atendimento hospitalar apresentando quadro compatível com rabdomiolise e alegando ter sido agredido. Nesse sentido, a Corregedoria da PMDF já instaurou Inquérito Policial Militar para apurar o caso, e que já está sendo acompanhado pelo Ministério Público. O coordenador do curso solicitou o seu desligamento voluntário para que as apurações transcorra da forma mais transparente possível.

O desligamento do aluno foi realizado de forma voluntária, bem como o afastamento do tenente da Coordenação do Curso.

Não há que se falar em tortura, pois, todas as circunstâncias estão sendo apuradas e todas as imputações legais serão manifestas em momento oportuno, respeitando todos os trâmites legais, em especial a ampla defesa e contraditório dos envolvidos. A PMDF está em contato com o Policial e a família prestando todo apoio possível.”


Fato Novo com informações: G1 DF

Geraldo Naves

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