Ucrânia aprova lei que proíbe atividades da Igreja Ortodoxa Russa no país

Ucrânia aprova lei que proíbe atividades da Igreja Ortodoxa Russa no país

Diplomacia russa declarou que Ucrânia está destruindo ‘a verdadeira Ortodoxia em suas raízes’

O parlamento ucraniano (Verkhovna Rada) aprovou nesta terça-feira (20/08) uma lei que proíbe as atividades da Igreja Ortodoxa Russa no país. Ao mesmo tempo, o projeto  abre a possibilidade para que a Igreja Ortodoxa Ucraniana, anteriormente associada ao Patriarcado de Moscou, também seja proibida na Ucrânia.

A lei que proíbe organizações religiosas associadas à Rússia foi apoiada por 265 dos 450 deputados do parlamento. A iniciativa entrará em vigor 30 dias após a publicação. As comunidades da Igreja Ortodoxa Ucraniana canônica do Patriarcado de Moscou terão nove meses para “cortar” relações com a Igreja Ortodoxa Russa.

Agora, para entrar em vigor o projeto de lei deve ser assinado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. A motivação para a iniciativa tem relação com o aberto apoio que Igreja Ortodoxa Russa manifesta ao Kremlin em relação à guerra da Ucrânia.


“Tendo em conta que a Igreja Ortodoxa Russa é uma continuação ideológica do regime do Estado agressor, cúmplice de crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos em nome de a Federação Russa e a ideologia do ‘mundo russo’, as atividades da Igreja Ortodoxa Russa na Ucrânia estão proibidas”, diz o texto do projeto de lei.


A Igreja Ortodoxa na Ucrânia é representada por duas estruturas principais: a Igreja Ortodoxa Ucraniana, que anteriormente estava sob o controle do Patriarcado de Moscou, e a Igreja Ortodoxa da Ucrânia, que é cismática e não reconhecida pela Igreja Ortodoxa Russa.

Em maio de 2022, após o início da guerra iniciada pela Rússia, a Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscou realizou um conselho no qual tomou a decisão de declarar a sua independência da Igreja Ortodoxa Russa. No entanto, o processo de desassociação da Igreja Ortodoxa da Ucrânia do respaldo do Patriarcado de Moscou já havia começado em 2018

Como a Igreja Ortodoxa Russa não opera de maneira autônoma dentro da Ucrânia, mas tem igrejas dentro da Ucrânia que são ligadas a ela, o documento prevê que os tribunais ucranianos poderão proibir as atividades de igrejas que fazem parte da Igreja Ortodoxa Russa dentro do país. Com isso, a nova lei aprovada neste 20 de agosto vem gerando um debate sobre o futuro da Igreja Ortodoxa Ucraniana no país.

Tanto a igreja ligada à Rússia como a Igreja Ortodoxa independente da tutela de Moscou têm cerca de 9 mil paróquias na Ucrânia. A proibição precisa agora ser aprovada pela Justiça, processo que pode levar vários meses. Pesquisa de 2023 inicou que 66% dos ucranianos eram favoráveis a proibição da Igreja vinculada à Rússia.

Ao comentar a nova lei ucraniana, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, declarou que a Ucrânia está destruindo “a verdadeira Ortodoxia em suas raízes” e criando uma “igreja quase ortodoxa”.

O representante da Igreja Ortodoxa Russa, Vladimir Legoida, por sua vez, observou que a lei ucraniana viola os princípios básicos da liberdade de consciência e dos direitos humanos.


Fato Novo com informações: Opera Mundi

Geraldo Naves

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